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Como pode a construção em LSF ser um motor para a sustentabilidade?

Posted on May 4, 2021 in INICIO |

Carlos Pereira

Responsavél Formação Futureng

O conceito de sustentabilidade tende a englobar todas as atividades do ser humano. E a construção civil ocupa um dos mais importantes papéis na tentativa de melhorar e preservar o ambiente em que vivemos.

Durante a construção de um edifício, quanta água é usada na obra? Quanta madeira se desperdiça no processo de cofragem? Quantos meios de transporte, e consequente consumo de combustível, são necessários para o transporte de materiais pesados? Quanto peso é lançado sobre os solos, especialmente no caso de encostas ou terrenos instáveis? Quanto tempo permanece o local de obra em fase de trabalho antes da sua conclusão? Quantos dos materiais empregues, incluindo areias, são realmente provenientes de empresas certificadas e preocupadas com a sustentabilidade? E depois de pronta, quanta energia será consumida para criar um ambiente confortável?

São cada vez mais as técnicas, materiais e métodos construtivos que podem ajudar a reduzir o impacto ambiental da indústria da construção civil. Entre eles está o sistema LSF. Trata-se de um método construtivo que tem atraído cada vez mais a atenção do mercado europeu, seguindo a tendência internacional. É o acrónimo da expressão inglesa Light Steel Framing, usada mundialmente para definir um processo construtivo cuja estrutura é constituída por perfis metálicos enformados a frio, fabricados a partir de chapa de aço galvanizado. São, portanto, estruturas ligeiras em aço.

Neste sistema, utilizam-se fundações em betão como na construção mais convencional. Sobre estas são erigidos centenas de perfis metálicos interligados por parafusos. Aplicam-se também peças metálicas horizontais ou cruzadas que conferem resistência ao conjunto. Toda a estrutura do edifício é comparável a um esqueleto. Portanto, todas as paredes interiores e exteriores, lajes e cobertura são constituídas por elementos em aço galvanizado, posteriormente revestidos com materiais isolantes e decorativos.

No campo da sustentabilidade este tipo de construção permite tempos reduzidos de obra, logo poupança energética e de recursos, baixo peso dos materiais e da estrutura e por isso menos impacto sobre o solo e, claro, saúde e conforto resultante de um excelente isolamento térmico e acústico com lã mineral.

Vantagens do baixo peso da estrutura

No caso dos edifícios construídos segundo o sistema Light Steel Framing, as próprias paredes são a estrutura. Todo o peso das lajes, bem como dos andares superiores, é distribuído por cada uma das paredes. Isso simplifica e reduz consideravelmente o tempo do processo de construção. Além disso, confere segurança ao edifício em caso de sismo e liberta a criatividade arquitetónica.

O baixo peso dos perfis e das vigas metálicas, apesar das suas grandes dimensões, facilitam o transporte, a elevação e a montagem. Os elementos estruturais não necessitam de cofragem nem de suportes temporários. A conexão através de sistemas de fixação mecânica é eficiente e rápida. A colocação de tubagens e condutores elétricos dispensa a abertura de roços. Estas e muitas outras técnicas fáceis e céleres diminuem consideravelmente a mão-de-obra e, consequentemente, reduzem os prazos e os custos. A redução de peso sobre as fundações evita os riscos de assentamento do edifício e as consequentes fissuras, tão habituais nas paredes de alvenaria.

Reduzindo a dimensão das fundações ou a necessidade de alcançar estratos mais profundos, é possível diminuir os custos e o impacto no ambiente. Além disso, tendo menos massa, um edifício mais leve será menos solicitado no caso de um sismo, o que poderá decidir a sobrevivência dos ocupantes.

Na reabilitação urbana

Apesar de ser usado em todo o mundo para a construção residencial de raiz, incluindo prédios de apartamentos e unidades hoteleiras, o baixo peso do aço e dos restantes materiais usados no Light Steel Framing, tornam este método construtivo ideal para reabilitar edifícios antigos. Na reabilitação, as principais aplicações envolvem a reconstrução de coberturas ou a criação de novos pisos.

Especialmente em certas zonas urbanas, algumas delas de difícil acesso como no centro histórico das cidades, a utilização de materiais mais leves reduz as dificuldades de transporte e elevação. O LSF mostra ser especialmente vantajoso na substituição de pisos em madeira ou telhados já degradados. O baixo peso dos materiais aplicados, frequentemente elimina a necessidade de reforçar a estrutura antiga do edifício. Em alguns casos, esta vantagem torna o LSF a única alternativa possível para dividir espaços ou acrescentar um novo piso. Diminuir a carga sobre estruturas antigas contribui ainda para melhorar o seu desempenho perante um terramoto.

Conforto

É neste aspeto que reside outra das principais vantagens do sistema Light Steel Framing. Os materiais deveriam conferir à habitação um escudo contra as variações de temperatura e de humidade sentidas no exterior. O material que é usualmente aplicado no isolamento das estruturas é a lã mineral. Este material provê economia energética garantindo conforto ambiental, segurança e melhoria do rendimento dos equipamentos de climatização. É de fácil aplicação, imputrescível e inodoro, não propicia o desenvolvimento de organismos e apresenta um excelente comportamento perante o fogo.

 

 

 As mantas ou painéis de lã mineral são colocados na cavidade resultante do espaçamento dos perfis ou vigas e dos materiais que revestem esses elementos. Apesar de serem paredes mais estreitas, o espaço para colocação do isolamento é muito superior ao disponível nas paredes de alvenaria. Este isolamento permite alcançar três objetivos fundamentais: isolamento térmico, isolamento acústico e proteção contra o fogo ao envolver os elementos estruturais.

Não podemos ser demagógicos e afirmar que o LSF será a solução definitiva para os problemas ambientais. Nem todas as características alistadas acima poderão ser alcançadas numa determinada obra. Por exemplo, a indústria da reciclagem ainda não está tão desenvolvida em Portugal como em alguns outros países. Ainda assim, não é de desdenhar qualquer melhoria que possa ser implementada nos processos construtivos com o objectivo de diminuir o impacto negativo sobre o ambiente. É com cada passo, mesmo pequeno, que se percorre o caminho que obrigatoriamente terá de ser percorrido.